A coprocultura, ou cultura de fezes, é um método eficaz para identificar patologias do sistema digestivo associadas a infecções. Trata-se de um mecanismo comum para a realização de vários estudos científicos para tirar conclusões sobre a presença de bactérias e parasitas no intestino.
Com frequência, parasitas, vírus e bactérias nos infectam, gerando vários sintomas de desconforto intestinal. Além disso, existem patologias que se manifestam por meio de sangramento nas fezes, como colite, câncer gástrico e úlceras estomacais. Para esses e outros casos, uma coprocultura é um teste imprescindível de detecção.
A cultura microbiológica é um método que se baseia na multiplicação de micro-organismos em meio estéril, geralmente bactérias, para facilitar a detecção de um patógeno causador de doenças. Em suma, consiste em proporcionar a esses agentes patogênicos o ambiente ideal para o seu desenvolvimento.
A semeadura de amostras biológicas dos pacientes provém de escarro, saliva, partes de pele ou fezes. Essas amostras são colocadas em pequenos recipientes chamados de placas de Petri, com uma substância sólida que contém ágar.
Muitos patógenos têm requisitos específicos de crescimento, portanto, cada meio de cultura é especializado com base no microrganismo que se investiga, conforme relatado por este portal de imunologia especializado. Alguns desses parâmetros são os seguintes:
Dependendo dos tipos de micro-organismos investigados, as condições nos meios de cultura devem ser diferentes. Uma vez observado o seu crescimento na placa, isolam-se amostras que serão observadas através do microscópio, para identificar as espécies específicas causadoras da doença.
Como várias fontes científicas apontam, existem muitos tipos diferentes de técnicas de coloração para a identificação de bactérias. Nessas técnicas, são colocados corantes que tingem os micro-organismos, facilitando assim a sua detecção. O mais comum para uso médico é a coloração do tipo Gram.
De acordo com o que estivemos comentando, a coprocultura nada mais é do que uma cultura microbiológica baseada na coleta de fezes como amostra do paciente doente. Utiliza-se esse exame, sobretudo, para estudar casos de diarreia persistente ou recorrente sem motivo conhecido.
Conforme afirmado neste artigo médico de revisão, a coleta de amostras fecais é necessária em quadros entéricos infecciosos que não remitem em dois ou três dias.
Alguns dos micro-organismos patogênicos que se identificam pela cultura de fezes são: Salmonella, Campylobacter, Helicobacter, Shigella, Yersinia, Clostridium difficile e Staphylococcus aureus.
O artigo de revisão que citamos indica as etapas a seguir para coletar a amostra para a coprocultura:
Essas culturas microbiológicas são utilizadas para a classificação de várias patologias por meio da identificação de bactérias, da semeadura da amostra fecal e sua posterior coloração. Examinam-se também possíveis ovos ou restos de parasitas.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), é possível identificar parasitas como as tênias nas coproculturas, já que é possível observar os seus ovos nas fezes do paciente. Da mesma forma, se houver sangue oculto que não se observa à primeira vista nas fezes, o bioquímico pode detectá-lo através da cultura das fezes.
Nem tudo é ideal no mundo das culturas microbiológicas. Nem sempre é possível alcançar os resultados, e estes dependem, em grande medida, da qualidade com a que se obtém a amostra. Conforme declara este artigo científico, existem certos riscos quando se trata de identificar doenças por meio da cultura de fezes.
Em primeiro lugar, os bioquímicos não pesquisam, como rotina, todos os enteropatógenos. Como o meio de cultura é específico para os microrganismos que pretendem encontrar, alguns menos comuns, como Bacteroides fragilis, Edwarsiella takes ou Escherichia alberti, podem não crescer.
Além disso, existem patógenos que ainda não são conhecidos e para os quais serão necessários requisitos biológicos específicos. Portanto, como não há condições adequadas disponíveis, é possível que não se multipliquem na placa. É algo que escapa à situação clínica específica, em que se pretende pesquisar as doenças mais comuns.
Outros estudos argumentam que as coproculturas são inadequadas em pessoas hospitalizadas por mais de três dias. Isso ocorre porque a causa da diarreia não é atribuível a patógenos no intestino. Nestes casos, opta-se pela técnica de detecção de PCR, identifica genes específicos de um microrganismo na amostra fecal.
Essas culturas microbiológicas são úteis na identificação de bactérias entéricas patogênicas, parasitas e sangue nas fezes. Mesmo assim, devido ao alto custo e demora do procedimento, selecionam-se apenas os pacientes que o justifiquem devido a sua situação epidemiológica.
Em qualquer caso, se durante uma internação hospitalar sugerirem uma cultura de fezes, não há necessidade de se preocupar. Os médicos estão tentando localizar o patógeno exato responsável pela doença gastrointestinal para, assim, poder administrar a medicação mais apropriada.